É no olhar da pessoa certa que encontramos uma ponte para partes de nós que não conseguimos guardar cá dentro.
Parece-me que começo a procurar noutros rostos, noutros olhares,
algo que me fale, que me dê a mão, que me devolva o sentido do não ter de ter sentido,
algo que me regresse à essência.
Sei que há coisas que não se procuram e até procuro algo que já dei por perdido.
Não espero encontrar. Já não espero.
Mas, sempre à espera de me perder,
vou mergulhando em olhares sem profundidade para perder o pé.
Não me perco, não encontro. Mas teimo.
É quando perdemos o pé, quando nos tiram o chão debaixo dos pés,
que descobrimos de que são feitas as nossas asas,
de que somos feitos, quem somos - se temos asas que se atrevem a voar.
Esse voo é o derradeiro regresso a nós.
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