sexta-feira, 20 de janeiro de 2023



… e é gente maravilhosa, linda por dentro, mesmo que não tenha as palavras, escrevem-se em gestos, em sorrisos, em olhares que confortam e nos deixam cochilar, descansar daquela vida doente  que os dias não deviam ter.

Também há os que nunca nascem, parece que nunca chegam a nascer, a abrir os olhos, a espreguiçar o calor do sangue, são os ante-projectos eternamente adormecidos em papel pardo, que um dia aparecem esquecidos numa gaveta fechada vezes demais.

E há os que nascem, acordam, aprendem e crescem para a poesia, começam a cumprimentá-la nas mais pequenas coisas com um sorriso cúmplice, com um olhar atento que acende músicas por dentro do silêncio, por dentro dum olhar que por instantes brilha. Passam a viver com poesia. Alguns até gostam, deliciam-se, lambuzam-se e lambem os dedos ao ler alguma. Mas nem sempre. Nem sempre sao as palavras a fazer poesia, é sempre o que as palavras - alguma coisa, qualquer coisa - nos despertam, nos elevam, nos mergulham e raptam para sítios onde não se entra sem poesia. A poesia é esse bilhete de entrada que algumas almas guardam.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

 

… ora então sexta feira 13!!! Uiiiii que belo dia para mudanças, não há como um pé com um móvel em cima, ou assim… mas para já está a ser um dia extra-supimpa… estou a tomar pequeno almoço na varanda e a apanhar vitamina D até à alma. Agora é só ter cuidado com os móveis… 

(a sério, tenho de fazer isto mais vezes - mas sem a parte das mudanças-… não é longe e o sol é diferente, tem sal que brilha mais)

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

[foto @bird.ee]

Tenho folhas a caírem-me dos braços
a todas as horas de verão dos dias

Tenho flores desabrochadas
a abotoarem-me de inverno o peito

Tenho arco-íris nos olhos
sem nenhum tesouro ao fundo

Tenho a boca fechada
sedenta de primaveras desconhecidas




segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

 Baixo o ecrã e levanto os olhos. Largo as distracções, os faz tempo sem tempo, e subo à essência num mergulho atabalhoado que não sabe se é pretendido. Acendo um cigarro, olho o candeeiro costumeiro de luz amarelada… não que se julgue algum sol, não, talvez a luz que tinha apenas tenha desbotado com os dias, com as noites, que se cansou a iluminar. Mas lá está, por trás dos braços esqueléticos e despidos das árvores, mas não se esconde, apenas não se exibe. Não quer, não precisa. E não fala, pretende ouvir. Até o que só se ouve vendo. Há coisas que se vêem melhor através da nudez, através duns braços despojados de vida pungente, pelas frestas gastas da fraqueza, longe da cor, dos enfeites, das distracções. Mas é preciso olhar com intenção de ver. A essência não se olha, vê-se. Não se procura, sente-se. Como o momento, que se distingue tão claramente dum qualquer instante, precisamente na espontaneidade de alguma coisa que não se sabe descrever.

Volto ao ecrã. Tento descrever o momento, a metamorfose de um instante. E falho, sei que sim.

sábado, 7 de janeiro de 2023


"I can't tell you what you already know
I can't make you feel what you already feel
I can't show you what's in front of you
I can't heal those scars"

[Oblivion, o nome tem tudo a ver com este sítio e com este nome que escolhi para ser aqui, mas outras seriam igualmente perfeitamente imperfeitas para deixar aqui]

Theatro Circo, hoje :) dizem que o espaço é por si só um espectáculo, só espero não ter de ir a nado, que a previsão não está simpática... mas depois dos últimos dias, das últimas duas semanas, sabe-me bem este rumar à música, este sair daqui e um pouco de mim, também.


quinta-feira, 5 de janeiro de 2023


Visto a nudez do silêncio 
Com o luar da noite
Agasalho as palavras 
Com sorrisos que deixei no passado
Lanço os olhos às estrelas 
E peço aos deuses em que não acredito 
Esperanças por estrear
E um tempo por que esperar
Entretanto, escrevo noites
Para me desagasalhar do frio dos dias 

E ponho o nariz de fora,
Como quem não tem frio