quarta-feira, 20 de abril de 2022

 Paro o carro e procuro no silêncio as palavras que perdi pelos dias. As que não disse, as que me roubaram momentos e me reduziram o silêncio a uma densidade admissível. Tenho agora poucos momentos que dêem tempo para as palavras me aconchegarem, procuro-os pouco e talvez procure não os procurar, não os precisar. Mas depois, depois penso onde fico eu no meio destes dias assim, onde não tenho tempo para me falar, para navegar a densidade dos silêncios onde repousa a nossa essência. Os dias são paradoxalmente demasiado leves por rasparem apenas a superfície, e demasiado carregados de trabalho que não deixa os pensamentos respirarem fundo, como se além do fazer não houvesse mais horizonte. E agora, aqui sentada, acho que tento recuperar os horizontes, e o silêncio que alimenta essências.

4 comentários:

  1. "e o silêncio que alimenta essências.", e podes crer Vi, que isso faz muito bem ao corpo;)

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    1. Se faz... não há corpo que se aguente sem alma, sem essência... (existem, mas irra, não se aguentam...)

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  2. Ter tempo para mergulhar em nós sempre me pareceu essencial e terapêutico. usar as palavras para conseguir caminhar a cada dia que passa.
    Um beijo Olvido

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  3. Têm-me faltado as palavras, a vontade de ter tempo para elas também, mas o essencial não se perde, até quando se quer muito perdê-lo... o que se pode perder não é essencial, prova-se não ser.
    Beijo, JI

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