quarta-feira, 4 de maio de 2022

Antonio Barahona

 Agora volta-se para casa sem eternidades no bolso e cheios de tempo para apagar. A paixão tem esse sangue que nos faz pulsar de vida, deixando-nos ao mesmo tempo sem ideia do marchar do tempo, como se tudo fosse agora, como se tudo se reduzisse ao agora, e o agora fosse pleno, de passado e futuro. Tudo agora, já. Mas neste momento, o tempo é indistinto de ontem ou amanhã, e o agora é só uma espera na transição do que não muda, ou chega. Meras folhas de calendário rabiscadas de marasmos quotidianos que não ficam para contar nenhuma história. Então entretemo-nos a ver o sol descer o céu, as árvores a acenar ao vento e a escrever sobre eternidades perdidas nos sítios onde foram agoras, sempre.

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