Quando estou viva, escrevo.
Se escrevo, é porque há uma vida que se aloja no bater deste coração, no olhar, sobre mim e sobre o mundo, que pulsa, mesmo na escuridão dos dias deste mundo cada vez mais feio. Cada vez mais longe do que poderia ser.
Quando eu escrevo, quando eu fecho o mundo, e vivo-me dentro do por dentro, sinto-me viva. Quando apenas se alinham palavras o coração continua mudo e útil, somente.
Há muito que não escrevo, e falto-me. Falta-me qualquer coisa, que calo. A utilidade dos dias, tão repetida, adoece a alma, adormece a vida. Gasta as palavras até à indolência.
E um dia acordamos com uma frase na cabeça que não sai. Quando estou viva, escrevo. E aqui, com os restos do pequeno almoço ao lado , tenho de a escrever para que as palavras sosseguem. Para que o dia, longe de casa, possa começar. Às vezes estar vivo dói.
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