quarta-feira, 11 de dezembro de 2019


[José Tolentino de Mendonça]

Há dias em que me pergunto se tentas saber de mim, há dias em que me pergunto se tentas saber de mim todos os dias, até naqueles em que não me pergunto nada, e me lembro de te esquecer. Nesses dias pergunto-me se te lembras, se procuras por mim como os apaixonados a lua. Pergunto-me se te perguntas de mim quando olhas a lua perdida nas noites em que te perdes, mas onde já não andas perdido. 
Depois há dias em que não me pergunto nada, não quero saber se me queres saber ou não. E chego ao fim do dia e pergunto-me como foi possível. Afinal pergunto. Há sempre uma pergunta, mas que já não pede resposta. E a minha resposta é que é bom isso.
Hoje é um dia onde vejo a lua em todo o lado, onde na minha pele se reflecte o luar que ainda não chegou, ou que já partiu, mas que não está, ainda que o sinta. Há dias em que me pergunto se tentas saber de mim, e que sei que nunca tentaste nada, mas pensaste tudo.

8 comentários:

  1. Já senti isto tal e qual, por isso compreendo-a muito bem, é pensarmos como foi possível a outro esquecer o que nós lembramos tanto e não nos larga a pele. Nem sempre o outro esqueceu mas às vezes aconteceu mesmo, o que nos causa tristeza. Temos que a sacudir, por mais que custe.
    ~CC~

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    1. Sacudimos, mas às vezes, sem quê nem para quê, o luar volta queimar a pele, mas por dentro. Somos nós sacudidos pelo que já não vemos nem temos e tantas vezes já nem queremos.

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  2. Perguntas onde não habitam as respostas, gera-te um desgaste que não te permite VIVER, apenas sobrevives entre as perguntas e as não possíveis respostas.
    " A NOSSA VIDA ANDA, TANTAS VEZES, SECA, vazia e entristecida! Falta-lhe a música transparente da esperança."
    in, José Tolentino Mendonça, O Pequeno Caminho das Grandes Perguntas

    Tem um dia bom, sff ó Menina Olvido!

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    1. Só gera desgaste se quiseres, ou procurares, respostas; quando já não procuras, as perguntas são diálogos internos, meras reflexões, análises do que foi e não percebemos. Nem sempre quer dizer que ainda queiramos perceber... a esperança, essa é que é uma morte lenta e por anunciar, uma companhia interesseira que muito promete o que não tem de cumprir...

      Tem uma noite boa, menina Perséfone ;)

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  3. Querida Vi, há uma música de Nat King Cole que diz tudo: "Unforgettable" ...in every way..
    Ės tu :)
    Beijo grande para ti

    nanda

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    1. Querida nanda, há quanto tempo rapariga!! Pensei que tu sim, me tivesses esquecido :)
      eu "unforgettable"...era bom se isso fosse verdade e por boas razões, porque há quem não se consiga esquecer mas por todas as más razões...
      Grande beijo, menina :)

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