sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018



[imagens de Une Femme Mariée, de Jean Luc Godard - adoro cada uma delas, e outras tantas que já tenho guardadas e outras que já fui pondo por aqui, há uma envolvência, uma cumplicidade, um calor e uma intimidade  que passa para as fotos, que reconheço tão bem...]

Amor não deve ser pensar em alguém e achar que só consegue pensar em amor, que só se pensa em dar mimo, carinho e beijos, que se tem saudades da cara e da pele. Amor é não deixar o outro sempre  sozinho... amor é saírem os dois para namorar em sítios giros, ou tornar giro qualquer sítio para namorar, é no regresso a casa deslizar para dentro de quem se quer sem cerimónias e com muita vontade. Amor não é só pensar, amor é fazer. Amor não é pensar que só se pensa em alguém em tons de amor e tesão, mas não ficar o tempo suficiente para o mostrar e fazer sentir, e nem sequer pensar nisso. Isso não é amor. Não sei o que é, mas amor não é. Talvez descubram um dia e me digam depois, ou talvez não, talvez nessa altura eu não queira ouvir nada, nem mesmo o que pudesse explicar tudo. Talvez nessa altura eu não queira nem saber que tudo poderia ter uma explicação. Espero na altura, simplesmente, não querer nada que sequer me lembre que, um dia, amei tanto. Porque o amor acaba quando não se sente amado, quando não tem por onde respirar, quando só expira, lentamente, o próprio ar, sem lhe darem nada para transformar, para trocar, para inspirar. Um dia morre, se calhar pouco depois de querer morrer, porque a própria fome de si mesmo lhe dói e o amarga. E o amor nunca pode ser amargo, ou não será amor. Aqui a dúvida está no "pouco depois"... quanto será o pouco? quando será o depois? já é? já foi?... já não quero saber de nada, mas ainda lembro.

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