sexta-feira, 13 de outubro de 2017


Deambulo pelos rascunhos e nada me fala, nada me apetece, trechos que vou guardando, pedaços de livros que vou lendo, alguns têm meses, mas vou-os deixando quietos no mesmo lugar enquanto não houver algo neles que me desperte da preguiça de os decifrar com pensamentos postos em palavras que me saiam de dentro dos dedos. Mas cada texto ou frase ou imagem guardada tem qualquer coisa que vi e pensei mal lhe bati os olhos, algo de mim está lá, mas deixa-se para depois o esmiuçar, o mergulhar em nós através das coisas.  Nem sempre me apetece, às vezes quero apenas gozar e demorar-me nas mundanas superficialidades pragmáticas, sei que virar os olhos do avesso para me ver o lado de dentro obriga-me a sair de mim para me regressar, sair deste mundo para me navegar. Muitas vezes não me apetece, como uma preguiça de me chegar, uma inércia que não deixa enterrar as maos das palavras na alma -nesses dias corro os rascunhos e nenhum me fala. Ou eu vou muda e eles sabem, deixam-me passar e baixam os olhos.
A tentar recuperar rituais de café com palavras na mesa da cozinha, cedinho, para evitar voltar meio sono para a cama, não ceder à preguiça. Há coisas que devo tentar mudar mesmo que não saiba porquê ou para quê... mas porque me falam como se fossem certas.

4 comentários:

  1. A vida de uma pessoa consiste num conjunto de acontecimentos, dos quais o último também poderia mudar o sentido de todo o conjunto;)

    Olá Vi, bom dia:))

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  2. Às vezes temos de dar um tempo para que algo embrionário se organize, se estruture e ganhe forma. É então possível que do "nada" germine e floresça . Às vezes quando mergulhamos fundo dentro de nós a intuição deixa algumas luzes acesas, mas nem sempre seguimos as pistas nem estamos em sintonia com o nosso interior. Outras vezes simplesmente e espontaneamente acontecem.
    Beijo querida Vi.
    Nanda

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  3. Legionário, o último ou qualquer outro pode (mu)dar ou tirar todo o sentido que achávamos que o todo tinha ;))
    Boa noite :)

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  4. Nanda,
    Acho que o tempo cozinha as decisões e a vida antes que te apercebas disso, talvez seja essa intuição que falas e o subconsciente a trabalhar sobre tudo o que acontece, depois é só um reconhecimento do que tens dentro. E as coisas espontâneas são as únicas que valem a pena, mas ve-las, dar conta delas, estar desperto para certas coisas, se calhar só acontece depois daquele outro processo... uma espontaneidade pode mudar a tua vida se já estiveres predisposta a coisas novas ou diferentes ;)
    Beijo :)

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