sábado, 27 de maio de 2017


[imagem @aaa.abbi]


Sento-me aqui e cheira a queimado. Alguma coisa ardeu, alguma coisa ardida paira no ar e traz coladas cinzas da minha memória. Ninguém me chamou como numa madrugada ardida pelo tempo, quando disseram que estava tudo em chamas e nada fazia sentido sem mim, que acordasse do meu sono porque me chamavam e me queriam nesse fogo onde as almas se encontram e reconhecem.
Nada ardia além do tempo, nada queimava senão o chamamento. Ardeu tudo na falta de sentido de não haver sentido sem mim. Tempo ardido, perdido num fogo que não chegou a ser ateado... agora cheira a queimado, a tempo reduzido a cinzas, ardido numa chama sem razão, num chamamento sem intenção. 
Houve quem nunca acordasse, mas não eu. Falta-me agora adormecer os sentidos acordados sem sentido, queimados sem fogo. Alguma coisa ardeu, restou a memória no ar. Faltou alma onde o fogo soçobrou e não ardeu. Só queimou.

2 comentários:

  1. Vi, faça da Fenix um exemplo quando se vir "perdida" renasça das cinzas;)

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    1. Acho que renascer renasci há uns tempos, agora agora falta-me viver... mas hei-de lá chegar!!
      Bom dia, Legionário :)

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